O ciclo decorrerá entre novembro de 2019 e maio de 2020, contando com oradores convidados, investigadores de elevado mérito cientifico, que oferecerão uma oportunidade especial de enriquecer a cultura científica de alunos, docentes e investigadores de todas as áreas de estudo.
1ª Conferência | 15 de novembro | 15h00
O MUSEU ENQUANTO ESPAÇO DE PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO NO SÉCULO XIX
Daniel Gamito-Marques
Investigador, Centro Interuniversitário de História
das Ciências e da Tecnologia, Universidade NOVA de Lisboa, Faculdade de
Ciências e Tecnologia
Resumo: Hoje em dia, olhamos para um
museu como um espaço de preservação de objectos valiosos, sejam eles pinturas,
esculturas, ou mesmo animais. Esta é uma visão estática, que nos transmite a
ideia de que os museus se encontram, de certo modo, parados no tempo. Nada
poderia estar mais longe da verdade quando analisamos os museus de história
natural. Uma das primeiras e mais importantes funções destes espaços foi, na
realidade, a investigação do mundo natural. No século XIX, os museus de
história natural eram espaços de produção de conhecimento, albergando equipas
de naturalistas prontas a descrever novas espécies que afluíam dos locais mais
remotos. No final do século XIX, vários destes museus já tinham aberto ao
público e eram extremamente populares, recebendo centenas de visitantes. No
século XIX, também foi fundado em Lisboa um museu de história natural. O
principal responsável por este projecto, José Vicente Barbosa du Bocage (1823–1907), concretizou-o para
assentar um novo lugar para a investigação em zoologia que lhe permitisse
viabilizar uma carreira enquanto naturalista. Ainda que não tenha recebido todo
o apoio governamental que desejava para o desenvolvimento do museu, os
colaboradores que recrutou em diversos pontos do território continental, e
sobretudo nas então colónias portuguesas, forneceram-lhe os espécimes
necessários à construção de uma carreira de prestígio internacional. Nesta
comunicação, serão discutidas as estratégias que Barbosa du Bocage utilizou para alcançar este fim e
qual o seu legado para a História Natural em Portugal.
2ª Conferência | 13 de dezembro | 15h00
LOGOS, PATHOS E ETHOS: DISCURSO PÚBLICO NA COMUNIDADE GEOLÓGICA DURANTE A DITADURA EM PORTUGAL (1940-1960)
Teresa Salomé Mota
Doutora em História e Filosofia
da Ciência
Resumo: Nesta comunicação será
apresentado e analisado o discurso público em defesa da geologia por parte de
alguns elementos da comunidade geológica em Portugal durante a ditadura
(1940-1960). Inicialmente, será feito uma resenha histórica sobre o discurso
público em geologia tanto em Portugal como em outros países ocidentais. De
seguida, abordar-se-á a forma, o conteúdo e o público alvo das intervenções
públicas orais e escritas de três elementos ligados à comunidade geológica em
Portugal: Mendes Correia (1888–1960), Carrington da Costa (1891–1982) e Carlos Teixeira
(1910–1982). Um dos temas mais recorrentes nessas intervenções era a
reivindicação de um espaço profissional para a geologia na sociedade
portuguesa, circunstância que levou a uma confrontação com um reconhecido grupo
profissional na sociedade portuguesa: os engenheiros. No final, procurar-se-á
demonstrar que o discurso público em defesa da geologia e dos geólogos fez
parte de um processo mais abrangente com vista ao reconhecimento social e
profissional da comunidade geológica em Portugal.
3ª Conferência | 7 de fevereiro | 15h00
LEONARDO DA VINCI E PORTUGAL
Carlos Fiolhais
Professor, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de
Coimbra
Resumo: Leonardo da Vinci viveu no tempo
áureo dos Descobrimentos Portugueses: foi contemporâneo de D. Afonso V, D. João
II e D. Manuel I. Que relações teve com Portugal? Nas numerosas páginas que
escreveu nos seus livros de apontamentos não se encontram referências directas ao nosso país. Mas, no Codex Atlanticus, de 1480-1485, refere um seu mapa-múndi,
onde seria impossível não incluir as descobertas dos navegadores portugueses
que corrigiam as cartografias antigas. O seu primeiro biógrafo, Giorgio Vasari, fala de uma encomenda de um
cartão de tapeçaria que se destinava a ser oferecida a D. Afonso V. O polímata italiano foi pela primeira vez
referido em Portugal por Francisco de Holanda, no manuscrito "Da Pintura
Antiga" (1548). O autor português possuiu um desenho de Leonardo, que hoje
está em Inglaterra. Em contrapartida, a Universidade do Porto possui um desenho
de Leonardo, que foi pintado ca. 1480.
4ª Conferência | 27 de março | 15h00 - CANCELADA
DA ORDEM AO CAOS: HISTÓRIAS DE UMA REVOLUÇÃO CIENTÍFICA
Jorge Buescu
Professor, Departamento de
Matemática, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
Resumo: A existência de comportamentos
caóticos em sistemas determinísticos é uma das grandes descobertas científicas do século XX, tendo
sido integrada na cultura popular em termos como o "efeito borboleta" ou
em imagens de objectos fractais. A história desta descoberta é acidentada, que se estende por
mais de meio século, integra incompreensões e falsas partidas, interlúdios cómicos e episódios dramáticos. É esta História do
Caos que nos propomos contar.
5ª Conferência | 8 de maio | 15h00
CHEMISTRY
BETWEEN NATURE AND ARTIFICE
Bernadette Bensaude-Vincent
Professora Emérita, Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne
Resumo: In
daily language, the adjective “chemical” is often used in contrast to
“natural”. It carries strong connotations
of unnatural or even counter-natural. It is certainly easy for any
chemist to dismiss such views as irrational prejudices from ignorant public.
However,
the "rational" arguments used by modern chemists in order to fight
the popular prejudice against chemicals are helpless, as long as they ignore
the cultural aspects of the issue. The art/nature divide introduced by
Aristotle still remains a major category structuring our civilisation.
The concept of nature is still used as a
cultural value, as a social norm or as a moral authority.
The
first purpose of this presentation is to bring a few historical data to help
understand why chemistry is generally associated with the notion of artifact. I
will first outline the alchemical roots of the problem, then the nineteenth
century battle between the chemical laboratory and the creator of life. Finally
I will discuss to what extent this common view could be changed by more recent
developments in materials chemistry.