segunda-feira, 06/05/2024
Centro de Biologia Molecular e Ambiental da Escola de Ciências da UMinho
Equipa do CBMA propõe uma alternativa
sustentável e promissora no combate à poluição
Uma equipa do Centro de Biologia
Molecular e Ambiental (CBMA) da Escola de
Ciências da Universidade do Minho
identificou um grupo de leveduras e bactérias capazes de degradar
plástico. O resultado é muito promissor e potencia os microrganismos como
alternativa sustentável no combate à poluição global dos plásticos.
O estudo iniciou em 2021 e derivou
nomeadamente na tese de
mestrado em Bioquímica Aplicada de João Gomes, que teve a orientação de Raúl
Machado e de Isabel Soares-Silva, a parceria da empresa Vizelpas e
financiamento europeu através dos projetos científicos Ecobib e River2Ocean.
Os plásticos são muito usados no mundo
por serem resistentes e baratos, substituindo outros materiais, mas acumulam-se
cada vez mais no ambiente, com efeitos negativos nos ecossistemas, na economia
e na saúde, diz João Gomes. A sua investigação aplicou várias leveduras e bactérias para degradar polietileno,
um dos principais plásticos do quotidiano e muito poluente, pois tem
baixa biodegradabilidade. Concluiu-se que a Yarrowia lipolytica e a Pseudomonas
aeruginos se fixavam à superfície do plástico, formavam biofilmes
(primeira fase da degradação) e produziam
enzimas que se “alimentavam” de plástico, decompondo-o.
Têm sido detetados
microplásticos na placenta humana e no leite materno, mas também em alimentos como
água, sal, mariscos, produtos acondicionados e bebidas engarrafadas, entre
outros. A sua biodegradação “pode passar por microrganismos equipados com
enzimas que quebram as ligações dos polímeros de plástico e os transformam em
dióxido de carbono, água e biomassa microbiana”, afirma João Gomes. A equipa do
CBMA quer agora aprofundar os mecanismos biológicos envolvidos na degradação do
plástico e encontrar outros microrganismos que acelerem esse processo de
degradação.
O plástico é amplamente difundido na
sociedade moderna, tendo aplicações como indústria automóvel, eletrónica, construção
civil, agricultura, embalamento, medicina e desporto, por exemplo. A sua
produção e utilização exponencial gera milhões de toneladas de resíduos, que
são tratados sobretudo por aterro sanitário, incineração e reciclagem, mas com
custos enormes, exigindo-se assim novas tecnologias para o seu tratamento e
eliminação.
Foto de João Gomes em anexo.