terça-feira, 12/02/2019
Genebra, Suíça
Ana Peixoto, aluna do doutoramento em Física nas universidades do Minho, Porto e Aveiro, é a primeira portuguesa a vencer uma bolsa “ATLAS PhD Grant”, que lhe permite investigar durante um ano no Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN), na Suíça.
A distinção foi
entregue a 12 de fevereiro, numa cerimónia realizada naquela entidade. A também
investigadora do Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de
Partículas (LIP Minho) desde 2015 mostrou-se “extremamente contente”, pois concorreram
centenas de pessoas de todo o mundo às três bolsas ao dispor; as outras duas
foram para alunos fora de Portugal.
O CERN é o maior acelerador de partículas do mundo, onde
se detetou em 2012 o bosão de Higgs, a partícula que confere massa às outras
partículas. Ana Peixoto está na equipa internacional que agora quer aprofundar
o conhecimento sobre o quark top, a partícula fundamental mais pesada
que conhecemos e que só pode ser criada em aceleradores de partículas, como o
Grande Colisionador de Hadrões no CERN.
Sabendo que o quark top se desintegra quase sempre
da mesma forma, a observação de outros tipos de desintegração pode apontar para
uma nova física, mudando o modo como deciframos o universo. Ana Peixoto vai
focar-se nessas desintegrações raras do quark top, em concreto nos
mecanismos que as poderiam originar e nas suas implicações para o conhecimento
das partículas fundamentais. Além da análise e da interpretação dos dados, a
cientista aproveitará a estadia no CERN para efetuar trabalho técnico no
detetor ATLAS. Nascida em Paredes de Coura há 26 anos, Ana Peixoto fez a
licenciatura e o mestrado
em Física na UMinho, onde é orientada no doutoramento por Nuno Castro, do
Departamento de Física.
Sobre a ATLAS PhD Grant
A ATLAS PhD Grant visa estimular jovens doutorandos
talentosos e motivados na experiência ATLAS, ao permitir-lhes aí trabalhar em
estreita colaboração com mais de 3000 cientistas de 38 países. O prémio nasceu
em 2013, com Fabiola Gianotti e Peter Jenni, então coordenadores da ATLAS, a
doarem para este fim parte do Fundamental
Physics Special Breakthrough Prize, que lhes foi atribuído pelo
papel de liderança na descoberta do bosão de Higgs.
Os investigadores portugueses, sobretudo através do LIP e
de academias como a Escola de Ciências da UMinho, colaboram no CERN há muitos
anos, tendo tido um papel fulcral na construção do calorímetro hadrónico de
ATLAS, no sistema de trigger do acelerador CMS, bem como nas medidas de
precisão das propriedades do quark top, na descoberta do bosão de Higgs,
na primeira observação direta do acoplamento entre aquelas duas partículas e,
ainda, na pesquisa de novas partículas elementares. O CERN possui um túnel
circular de 27km e a 100 metros de profundidade, na fronteira franco-suíça. Nesta espécie de caverna mágica ocorre um
bilião de colisões de protões por segundo, originando uma quantidade imensa de
dados que são posteriormente analisados por físicos de todo o mundo.
+Info: atlas.cern, cds.cern.ch/record/2654564, facebook.com/ATLASexperiment, www.ecum.uminho.pt, www.fisica.uminho.pt
www.lip.pt/index.php?section=about&poles&page=minho, facebook.com/pt.lip/, twitter.com/_ana_peixoto