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Cláudia Pascoal - Diretora do Centro de Biologia Molecular e Ambiental Voltar

segunda-feira, 31/03/2025    Centro de Biologia Molecular e Ambiental da Escola de Ciências da UMinho
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Assumiu a direção do Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) há dois anos e meio e continua a apostar na missão da unidade de investigação: proporcionar excelência na investigação e formação pós-graduada em Ciências Biológicas, ao mesmo tempo que promove a literacia científica e a transferência de conhecimento tanto nacional, como internacionalmente.
Na newsletter deste mês estivemos à conversa com Cláudia Pascoal, diretora do CBMA, que nos apresentou este centro da Escola de Ciências da UMinho (ECUM).
Há quanto tempo é responsável pelo centro?
Há dois anos e meio.

Quando é que surgiu o Centro de Investigação? Com que objetivos?

O Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) foi criado em 2008 e surgiu da necessidade de restruturar o antigo Centro de Biologia e de tornar a investigação desenvolvida no Departamento de Biologia mais focada e competitiva. A primeira diretora do CBMA foi a Professora Cândida Lucas. Da equipa de direção inicial faziam parte também a Professora Margarida Casal e a Professora Fernanda Cássio.

Mudou muito desde
a criação até à atualidade? O que recorda desses tempos?

Era um grupo mais pequeno constituído pela maioria dos docentes do Departamento de Biologia e pelos seus estudantes de doutoramento. Era claramente reconhecido pelo know-how em Microbiologia e sobre a interação dos microrganismos com outros seres vivos, o que permitiu “abrir portas” para diferentes aplicações ao nível biotecnológico e da saúde dos ecossistemas. O CBMA cresceu, consolidou equipas, e abraça neste momento inúmeros desafios, cada vez mais complexos.

Quais são as infraestruturas e recursos do Centro? São suficientes?

O Centro conta com laboratórios e gabinetes de trabalho, no edifício onde está sediada a Escola de Ciências da UMinho (ECUM) e o Instituto de Ciência e Inovação em Bio-Sustentabilidade (IB-S), no Campus de Gualtar, em Braga. Conta ainda com uma Estação Científica Marinha em Viana do Castelo, composta por um barco e uma infra-estrutura de suporte. A maior necessidade prende-se com a fortalecimento dos recursos humanos, ao nível de equipas técnicas e de investigadores.

Que equipas e grupos de investigação integra?

Atualmente, o CBMA é constituído por 60 doutorados, 59 estudantes de doutoramento, 87 de mestrado, 27 investigadores colaboradores e cinco técnicos. Estamos organizados em quatro grupos de investigação: Biodiversidade aquática e sistemas socio-ecológicos sob alterações globais, com o objetivo de contribuir para a conservação da biodiversidade e dos serviços dos ecossistemas marinhos e de água doce; Sustentabilidade e resiliência dos agro-ecossistemas, vocacionado para a compreensão dos mecanismos de adaptação às alterações climáticas e ao combate de pragas e doenças em sistemas agro-florestais; Bio-recursos e sistemas bio-inspirados para a bio-sustentabilidade, que explora a biodiversidade com o objetivo de criar soluções de base biológica para os desafios biotecnológicos e ambientais e Bioinformática: das moléculas aos ecossistemas, com o objetivo de consolidar um hub em biologia computacional com aplicações à biotecnologia e ao conhecimento e modelação da biodiversidade e dos ecossistemas.

Que balanço pode ser feito da atividade desenvolvida até ao momento?

A estratégia do CBMA está assente em quatro pilares: investigação, formação avançada, equipa e sociedade. Os nossos investigadores têm feito avanços significativos para melhorar o conhecimento científico em biologia molecular e ambiental utilizando abordagens baseadas em hipóteses e tecnologia de ponta. Desenvolvemos estratégias inovadoras para a monitorização e gestão da biodiversidade aquática, usando ferramentas moleculares e bioindicadores ecologicamente relevantes. Contribuímos para compreender os impactos das alterações globais na biodiversidade, no funcionamento e nos serviços dos ecossistemas, e para esclarecer os mecanismos que explicam esses efeitos. Nos agro-ecossistemas, contribuímos para compreender como o microbioma afeta a fisiologia das plantas, nomeadamente da videira, e aumenta a sua resistência a fitopatogénicos. Exploramos a biodiversidade e os processos biológicos para criar produtos inovadores com aplicação na agricultura e na biotecnologia. Combinamos bioinformática, ómicas e ferramentas de inteligência artificial para aplicações biotecnológicas e ambientais. Estes avanços só têm sido possíveis graças à elevada motivação e capacitação das equipas do CBMA, o que muito nos congratula.

Quais são os eventos que podem ser destacados?

Temos eventos marcantes nos quatro pilares estratégicos do CBMA: investigação, formação avançada, equipa e sociedade. No pilar da investigação, temos vindo a crescer o nosso impacto ao nível internacional através da colaboração com investigadores de 72 países em todos os continentes e promovendo a mobilidade dos nossos investigadores e estudantes. Temos aumentado a coordenação e participação em projetos com financiamento competitivo e o número de publicações em revistas top 10% e de acesso aberto, seguindo as políticas e as tendências europeias. Nos últimos cinco anos lecionámos 34 cursos avançados, alguns dos quais com várias edições, em colaboração com investigadores nacionais e internacionais (40 convidados internacionais), e atingindo mais de 800 estudantes de pós-graduação. Estes cursos estão inseridos nas unidades curriculares optativas dos cursos de mestrado e de doutoramento lecionados no Departamento de Biologia (DB). Temos também organizado diversos congressos científicos, nacionais e internacionais o que reforça o papel do CBMA e da ECUM como referências centrais na nossa área científica de atuação. Organizamos eventos periódicos de capacitação e motivação de equipas, como é o caso do CBMA open day, do simpósio dos estudantes de doutoramento, do concurso elevator pitch, seminários, talk(ing) series(ously) em temas específicos e outras atividades de team building.

De que forma é que o centro interage com a sociedade? Considera importante esta interação?

A sociedade é um dos pilares estratégicos do CBMA, pois cada vez mais a investigação tem de estar próxima da sociedade. Há membros do centro que interagem estreitamente com empresas do conselho estratégico empresarial do IB-S, do qual somos membros fundadores. O CBMA é membro de dois laboratórios colaborativos desde a sua fundação, como é o caso do CoLab Vines & Wines, e do Water-Core CoLab, que ligam a academia, a empresas e associações empresariais. Promovemos eventos de think tank ou projetos de investigação & inovação. Marcamos presença regular em eventos públicos com impacto na sociedade como é o caso do GreenFest, da noite europeia dos investigadores, e várias iniciativas de ciência cidadã. Recebemos visitas regulares de estudantes do ensino secundário, com destaque para os estudantes de 12ºano.

Quais os principais projetos e desafios para os próximos tempos?

Enfrentamos cada vez mais desafios, que só poderão ser superados com o aumento do tamanho da equipa. O maior objetivo é ampliar o impacto a nível internacional, e, para isso, o reforço da equipa é essencial. Atualmente, desenvolvemos projetos muito interessantes ligados ao Laboratório Associado ARNET (Aquatic Research Network), uma rede de investigação científica focada na sustentabilidade e gestão dos recursos biológicos e dos ecossistemas aquáticos. Esta parceria reforça a capacidade do CBMA enfrentar os desafios globais relacionados com a biodiversidade e a bio-sustentabilidade, consolidando a sua posição como um centro de excelência científica a nível nacional e internacional. Temos também uma oportunidade incrível de interagir com o setor empresarial através dos laboratórios colaborativos, como o Water-Core CoLab, no setor da água, e o Vines&Wines CoLab, no setor da vinha e do vinho. Essas colaborações oferecem um espaço para inovação e desenvolvimento conjunto de soluções sustentáveis, fortalecendo ainda mais o impacto do CBMA na indústria e na sociedade.

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