sexta-feira, 04/11/2022
Campus de Gualtar, Braga
Tecnologia com ADN apoia gestão de recursos
pesqueiros e une parceiros de três continentes.
Um projeto da Escola de Ciências da Universidade do Minho que usa ADN para monitorizar recursos pesqueiros no Atlântico foi reconhecido pelas Nações Unidas como contributo para os desafios desta Década do Oceano. Chama-se “DNA-based approaches for fisheries monitoring”, é liderado por Filipe Costa e junta parceiros de três continentes. Este é um dos 287 projetos (actions) de todo o mundo agora endossados pela ONU, que desafia assim a ciência a reverter a degradação do ecossistema marinho e a alicerçar a Agenda 2030.
“Este reconhecimento confirma a relevância de conceber projetos em parceria
entre instituições académicas e governamentais responsáveis pela gestão
pesqueira, e em concertação internacional, de forma a garantir os objetivos de
sustentabilidade socioambiental”, refere Filipe Costa, que é investigador do
Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) e professor do Departamento de
Biologia da Escola de Ciências da UMinho, em Braga.
O projeto monitoriza ovos e larvas de peixe (ictioplâncton) no Atlântico,
algo fulcral para sinalizar épocas e locais de desova, além de inferir a
abundância de desovantes e o recrutamento de novos espécimes. Essa
identificação rigorosa e eficiente é muito difícil de obter. Por isso, os
cientistas vão testar o método “DNA metabarcoding”, que consiste na utilização
de códigos de barras de ADN (em analogia aos códigos de barras dos produtos
comerciais) e que define para cada espécie uma sequência de bases do ADN que a
diagnosticam. Assim, identificar espécies de peixes em amostras de
ictioplâncton poderá vir a ser mais rápido e rigoroso, permitindo uma maior
frequência temporal e espacial na análise, além de dados abundantes e
relevantes na gestão de stocks pesqueiros, considera Filipe Costa.
Esta ação envolve dois sub-projetos coordenados pela
CBMA. Um deles é o “A-Fish-DNA-Scan”, em parceria com as universidades do
Algarve, Coimbra, Estadual de São Paulo (Brasil) e Técnica do Atlântico (Cabo
Verde), além do Instituto Português do Mar e da Atmosfera e, ainda, do
Instituto do Mar de Cabo Verde. Conta com um financiamento de 300 mil euros da
Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), no âmbito da iniciativa
intergovernamental Atlantic Interactions e do V Centenário da Viagem de
Circum-Navegação de Magalhães. Acresce o projeto “Fish-DNA-Monitor”, financiado
pela Aga Khan Development Network e pela FCT, que tem como parceiro o Centro de
Investigação Pesqueira Aplicada da Guiné-Bissau.
Globalmente, esta iniciativa do CBMA está integrada no
programa Ocean Biomolecular Observing Network (OBON), um dos
programas da Década do Oceano que tem por objetivo monitorizar, investigar e
compreender a vida oceânica recorrendo à análise de biomoléculas.
+Info: www.cbma.uminho.pt, www.ecum.uminho.pt, www.bio.uminho.pt
www.oceandecade.org/actions/dna-based-approaches-for-fisheries-monitoring