Ignorar Comandos do Friso
Saltar para o conteúdo principal
EN PT

Detalhe do evento

Novos materiais do futuro apresentados no “Ciência ao Almoço” Voltar

sexta-feira, 19/09/2025    Departamento de Química
1
A investigadora convidada destacou o potencial dos híbridos orgânicos-inorgânicos (O-I), que prometem revolucionar áreas como a eletrónica, energia, medicina e ambiente. De carácter multidisciplinar, permitem versatilidade e potencialidade de aplicações tecnológicas.
Maria Manuela Silva, docente do Departamento de Química, foi a convidada da trigésima segunda edição do “Ciência ao Almoço”, iniciativa mensal da Escola de Ciências da Universidade do Minho (ECUM). O encontro realizou-se a 19 de setembro, no auditório da Escola de Ciências, e teve como tema “Quando o Orgânico Encontra o Inorgânico: Novos Materiais do Futuro”.

Num ambiente descontraído, a investigadora apresentou de forma acessível os fundamentos e a versatilidade de aplicação dos materiais híbridos O-I. “Pretendi explicar, de uma forma simples, o que se entende por um híbrido O-I e demonstrar algumas das suas aplicações”, afirmou. Estes materiais resultam da combinação de componentes orgânicos e inorgânicos à escala molecular ou nanométrica, criando propriedades únicas que não podem ser alcançadas por nenhum dos componentes de forma isolada. “Os materiais híbridos O-I combinam as vantagens de cada componente, formando uma estrutura molecularmente homogénea. A fase inorgânica rígida, como a sílica, fornece resistência mecânica, enquanto a fase orgânica, como os polímeros, confere flexibilidade. O resultado é uma interface estável”, explicou.


A docente sublinhou ainda que a nanotecnologia teve um papel decisivo no desenvolvimento destes materiais, ao permitir controlar a sua estrutura em escala nanométrica, melhorar a compatibilidade entre fases, ajustar propriedades mecânicas, óticas e elétricas, funcionalizar superfícies e abrir caminho a novas técnicas de síntese. “Tudo isto resultou em materiais com desempenho superior e aplicações inovadoras”, acrescentou.


Embora tenham sido produzidos há milhares de anos, o termo “híbrido orgânico-inorgânico” nunca tinha sido utilizado. Assim, os materiais híbridos não foram inventados na última década, mas sim desenvolvidos há muito tempo. No entanto, apenas no final do século XX e início do século XXI é que os investigadores passaram a dedicar-se de forma mais sistemática à sua preparação, caracterização e aplicação. Encontram-se atualmente em setores como a eletrónica, energia, medicina e ambiente. “Um exemplo fascinante é o ‘Azul Maia’, usado nas pinturas do Fresco do Guerreiro Maia, no México, considerado o primeiro híbrido O-I produzido pelo Homem, no século VIII, que preservou a sua cor azul luminosa durante séculos”, recordou Maria Manuela Silva.


Na sua intervenção, a investigadora destacou ainda o papel destes materiais em áreas estratégicas. “Os híbridos O-I podem ser aplicados em janelas inteligentes melhorando o conforto térmicos de edifícios. Podem melhorar a sensibilidade e seletividade dos sensores, permitindo detetar moléculas específicas em baixas concentrações. Em dispositivos médicos, podem ser usados como biomateriais biocompatíveis, em implantes e sistemas de libertação controlada de fármacos”, referiu.

O “Ciência ao Almoço” é uma iniciativa da Escola de Ciências da UMinho que decorre mensalmente, à hora de almoço, e que pretende promover a partilha de conhecimento e a cooperação entre toda a comunidade académica.

1
2
3