segunda-feira, 27/01/2025
Centro de Química da Escola de Ciências da UMinho
Equipamentos vão ajudar na segurança dos consumidores, evitando alergias
e intoxicações alimentares.
Uma
equipa de investigadores da Escola de Ciências da UMinho (ECUM) desenvolveu um (bio)sensor
eletroquímico capaz de detetar e quantificar toxinas como a tetrodotoxina (TTX)
e alergénios como a parvalbumina (PV) em peixe e frutos do mar como o mexilhão
ou a amêijoa. Em Portugal, estes alimentos são muito consumidos, por serem ricos
em proteínas, gorduras saudáveis, vitaminas e minerais, oferecendo inúmeros benefícios
para a saúde. No entanto, podem provocar alergias e intoxicações alimentares.
Os
(bio)sensores, semelhantes aos utilizados para medir o nível de glicose em diabéticos,
oferecem várias vantagens em relação aos métodos instrumentais de análise
utilizados em contexto laboratorial. São de baixo custo, de análise rápida e a
sua elevada portabilidade e praticidade permitem que esta tecnologia seja usada
in situ por operadores da indústria pesqueira. “O objetivo seria que os trabalhadores
da indústria pesqueira, diretamente no local de captura, pudessem recolher uma
amostra de três mexilhões/amêijoas, preparar a amostra de forma simples (como nos
testes rápidos de COVID-19), e, em seguida, utilizar o sensor desenvolvido pela
nossa equipa para verificar se as amostras estão contaminadas pela toxina
TTX. Em caso de resultado positivo, a
captura em massa seria interrompida, evitando o desperdício alimentar”, afirma
José Pedro Rocha, do Centro de Química (CQ). Dessa forma, os sensores permitem análises
descentralizadas realizadas pelas próprias indústrias pesqueiras, eliminando a necessidade
de recorrer a laboratórios de análises certificados.
“Este sensor é uma
alternativa aos métodos instrumentais de análise, atualmente usados para a
monitorização da TTX. Com estes métodos convencionais, as amostras precisam
passar por um conjunto de etapas e os resultados só estão disponíveis após um
longo período de espera”, adianta. O sensor, o primeiro do género desenvolvido
para detetar a toxina TTX, foi desenvolvido ao longo de um ano. Essa toxina,
extremamente perigosa, pode causar a morte mesmo em quantidades vestigiais,
sendo 100 vezes mais tóxica que o cianeto. Com base em tecnologia avançada e devido
à sua importância para a sociedade, o dispositivo já está pronto para ser
patenteado.
Além
de identificar toxinas, o sensor pode ser adaptado para analisar alergénios, como
a parvalbumina, o principal alergénio presente nos peixes. “Analisamos salmão
em diferentes formas de processamento: fresco, grelhado, em conserva, paté e
fumado. O fresco é o que possui maior nível do alergénio”, adiantou José Pedro
Rocha.
O
projeto conta com a colaboração do LAQV/REQUIMTE (polo GRAQ) e Faculdad de
Química da Universidade de Vigo (Espanha).