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Patrícia Gomes - Investigadora Auxiliar do Centro de Ciências da Terra Voltar

sexta-feira, 28/02/2025    Centro de Ciências da Terra
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Dedica-se à Monitorização Ambiental e Remediação para a Sustentabilidade, aproveitando os tempos livres para a leitura e caminhadas na Natureza. No entanto, é nas viagens em família, ao lado dos seus filhos de 2 e 4 anos, que vive as maiores aventuras. Patrícia Gomes é investigadora no Centro de Ciências da Terra desde 2021 e está em destaque na newsletter deste mês.
NOME: Patrícia Gomes
IDADE: 39
NACIONALIDADE/NATURALIDADE: Portuguesa/Braga
ÁREA DE INVESTIGAÇÃO: Monitorização ambiental e remediação para a sustentabilidade
CENTRO DE INVESTIGAÇÃO (desde quando): Centro de Ciências da Terra, desde 2021
CATEGORIA ATUAL: Investigadora Auxiliar.
FORMAÇÃO ACADÉMICA: Licenciatura em Biologia e Geologia (Universidade do Minho); Mestre em Biologia (Universidade do Porto); Doutoramento em Ciências, especialidade em Geologia (Universidade do Minho)
HOBBIES: Nadar (prática que faço há mais de 20 anos), ler (desde sempre), caminhadas na natureza. Um dos hobbies mais peculiares é sem dúvida o restauro de móveis antigos (tenho vários em casa restaurados por mim e que pertenceram aos meus avós e bisavós). Gosto ainda de viajar em família, com o meu marido e os meus filhos, de 2 e 4 anos, o que acaba por ser sempre uma grande aventura!

Conte-nos um pouco sobre o seu percurso académico e profissional
Sou licenciada em Biologia e Geologia, pela Universidade do Minho (UMinho). Posteriormente tirei o mestrado em Biologia na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Aqui realizei a minha dissertação em parceria com o Departamento de Ciências da Terra (DCT) da UMinho, isto porque, no último ano da licenciatura tive uma disciplina (Pedologia e Conservação de Solos) onde abordei um tema que me deixou completamente fascinada – a Fitorremediação. Desde esse momento, e apesar de já ter decidido ir estudar para o Porto, soube que queria aprofundar mais este assunto. Após ter terminado o mestrado, dediquei-me à investigação e ao desenvolvimento de um projeto empresarial baseado no tema que me deixou completamente fascinada... e assim nasceu a PhytoClean! A PhytoClean, que mais tarde se tornou uma spin-off da academia minhota, dedica-se à implementação de soluções baseadas na Natureza para o tratamento de áreas degradadas. Posteriormente realizei o Doutoramento em Ciências, na especialidade em Geologia, focado na temática mineira e na dinâmica global de contaminação, abarcando o estudo, monitorização e possível remediação dessas áreas. Atualmente sou investigadora no Centro de Ciências da Terra, co-coordenadora da linha de investigação “Desafios e soluções ambientais” do Instituto de Ciências da Terra, onde sou também membro integrado, e que pertence ao polo da UMinho. Aqui, exerço também atividades de docência. Curiosamente, as disciplinas que me fizeram decidir o meu percurso académico e profissional, fazem atualmente parte de algumas das UCs por mim já lecionadas, como por exemplo “Pedologia e Conservação de Solos” e “Monitorização Ambiental”.

Em que consiste a sua investigação, qual o seu contributo para a ciência nacional e internacional e impacto para a sociedade?

A minha área de investigação centra-se no estudo e monitorização de áreas degradadas por fatores antrópicos. Em determinados contextos, o meu trabalho passa também pelo desenvolvimento de soluções baseadas na natureza para a recuperação dessas áreas afetadas. Para além das atividades inerentes ao trabalho de investigação, essencialmente focado na área da geoquímica ambiental, como por exemplo a publicação de resultados em revistas científicas de renome, a apresentação de trabalhos em congressos nacionais e internacionais, e a participação em projetos no âmbito da remediação ambiental, acrescento, ainda, as ações por mim realizadas junto dos mais jovens, no sentido de fomentar e alertar para a importância da ciência na construção de uma sociedade mais informada e preparada. A par da transferência de conhecimento do meio académico para a sociedade, destaco a criação de uma spin-off, a PhytoClean, em que fui fundadora, e a sua contribuição para o tratamento de água e solo contaminado através de processos de fitorremediação, em contexto efetivo, podendo ser replicado por empresas, municípios e entidades competentes.

Quais foram as descobertas mais importantes até ao momento?

Os resultados têm sido vastos, abarcando diferentes tópicos, desde a avaliação e identificação da qualidade de diferentes massas de água superficiais (rios, albufeiras, etc) em contexto de seca, à aplicação de sistemas sustentáveis que permitem o tratamento de água residual de uma forma simples para que a mesma possa depois ser reutilizada, com qualidade, para rega, num contexto, portanto, de economia circular. Relativamente ao trabalho desenvolvido em contexto mineiro, especificamente em explorações mineiras já abandonadas, destaco os seguintes tópicos principais: o estudo e identificação de potenciais focos de contaminação, com prejuízo para a saúde humana e ambiente; o estudo de índices e traçadores de risco ambiental, como os elementos de terras raras, que permitem compreender os processos biogeoquímicos de transporte de elementos tóxicos e a dinâmica global da contaminação, nomeadamente em contextos de seca extrema; e a possível reabilitação e reconversão destas áreas, à luz das mais recentes técnicas de remineração. Além disso, a investigação até agora realizada permitiu estabelecer a relação entre os ambientes geológicos e o papel de certos seres extremófilos, ou seja, organismos capazes de viver em condições geoquímicas extremas para a maioria dos outros seres vivos. Concretamente, foi possível estabelecer a correlação entre determinadas espécies de algas presentes em águas de mina extremamente ácidas, com os elementos potencialmente tóxicos dominantes nesses ambientes, como por exemplo, o chumbo. Estes resultados permitem contribuir no futuro, e de uma forma muito expedita, para a monitorização destas áreas degradadas.

Porque decidiu investigar nesta área? O que ou quem a inspirou?

Desde muito nova que senti um deslumbramento por estas temáticas. Talvez por ter nascido no campo, num contexto de muita liberdade e contacto com a Natureza, somando a forma como fui educada - sempre com muito respeito pelo ambiente que me rodeava. Lembro-me particularmente de um episódio durante uma das nossas frequentes caminhadas em família pela Natureza, deveria eu ter cerca de 5 anos, em que encontramos inúmeras pilhas no solo e de ter escutado com imensa atenção o meu pai, que me explicou a contaminação imputada ao solo por aquele simples ato. Penso que foi aí que surgiu a paixão por esta área e a minha vontade de estudar casos relacionados com contaminação e, consequentemente, de desenvolver soluções de remediação. Além disso, e como já tive a oportunidade de referir, o primeiro contacto com a área numa configuração mais científica, surgiu na disciplina de “Pedologia e Conservação de Solos” da licenciatura de Biologia-Geologia na UMinho, lecionada na altura pela Professora Teresa Valente. Acredito que foi nesse momento que decidi finalmente enveredar por esta área. Posteriormente escolhi o tema de dissertação de mestrado: “Processos de reabilitação natural em escombreiras de minas abandonadas - estudo de casos”, realizado na Universidade do Porto em parceria com a UMinho. Desde aí, dediquei-me sempre à investigação, que passou também pelo doutoramento, e permanece até aos dias de hoje.

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