sexta-feira, 28/02/2025
Departamento de Biologia da Escola de Ciências da UMinho
Amaro Rodrigues é funcionário da
academia minhota há quatro décadas.
É funcionário da Universidade do Minho
há 40 anos, onde já exerceu vários cargos e participou nas mais diversas
comissões. Aos 65 anos, Amaro António Magalhães Rodrigues trabalha no
Departamento de Biologia, mas não foi aqui que iniciou a carreira. Licenciado
em Biologia Aplicada e Mestre em Ecologia, é natural de Angola, mas acabou por estabelecer
a sua morada em Portugal.
Os tempos livres são ocupados com a
organização de percursos pedestres, mas também de atividades de proteção do
ambiente/natureza, realização de documentários em vídeo sobre a temática
ambiente/natureza ou mergulho scuba (Self-Contained Underwater Breathing
Apparatus).
Para a newsletter de fevereiro, e na altura
em que a Escola de Ciências da UMinho comemora meio século, fomos conhecer o
nosso funcionário mais antigo, que ainda está ao serviço.
Há
quantos anos trabalha na universidade?
40
anos.
Como
surgiu esta oportunidade?
Por
concurso público
Trabalhou
sempre no Departamento de Biologia?
Não.
Ingressei na Universidade do Minho como Escriturário-Dactilógrafo tendo
desempenhado essas funções durante dois anos. Posteriormente fui trabalhar para
o Departamento de Biologia (DB), tendo ingressado na carreira Técnico
Profissional de Laboratório, e nos últimos 13 anos desempenhado as funções como
Técnico Superior.
Quais
são as principais funções que desempenha?
Dei
apoio ao ensino e investigação preparando tampões, soluções, meios de
crescimento, repicagem de microrganismos e manuseamento de diverso equipamento
laboratorial. Fui ainda responsável pelo registo interno dos colaboradores e
atualização de listas web e caixas de correio eletrónico de alunos, bolseiros e
investigadores e pela edição do portal do DB e CBMA. Prestei apoio a atividades
de extensão, fui responsável pelas coleções de fungos terrestres e aquáticos, e
de Drosophilas melanogaster do departamento e membro da comissão de
horários. Assumi ainda as funções de responsável pelo abate de equipamento, aquisição
de consumíveis para o CBMA e DB, entre outras.
O que
recorda dos primeiros anos? Há muito que tenha mudado?
Comecei
a trabalhar nos antigos pavilhões verdes junto à Escola Calouste Gulbenkian. O
Departamento de Biologia, assim como os restantes departamentos da ECUM, eram
de dimensões exíguas. Na altura tínhamos apenas uma sala pedagógica e um
laboratório de ensino. Tínhamos uma licenciatura, a Licenciatura em Biologia e
Geologia. Tínhamos um Técnico Superior, dois técnicos profissionais e um
auxiliar. Dos técnicos profissionais só eu dava apoio ao ensino. Entretanto
mudamos para Gualtar e, hoje, o Departamento de Biologia tem 4 mestrados e 4
licenciaturas, 6 laboratórios de ensino e 3 salas pedagógicas, mas temos apenas
dois técnicos de apoio ao ensino, embora já tivéssemos tido três.
Quais
eram as principais dificuldades que tinham que enfrentar no início?
As dificuldades
eram a todos os níveis. Não havia dinheiro para nada. As instalações eram
pequenas, o equipamento reduzido. Os funcionários tiveram as suas promoções
congeladas durante 10 anos.
E
quais são as principais dificuldades hoje?
A
principal dificuldade é a falta de apoio de pessoal técnico no ensino. É uma
situação que a curto prazo poderá ser grave, caso não haja um mínimo de três
técnicos Superiores de apoio ao Ensino, dado que os técnicos mais experientes
deverão sair do DB num curto prazo, e não se está a promover devidamente a
transição. Também existe demasiada burocracia para a aquisição de material e
reagentes.
O que
poderia mudar?
Dar
continuidade às reuniões com os trabalhadores, para auscultar os seus anseios e
preocupações, aliás, uma boa iniciativa promovida pela atual Presidência.
Formação mais dirigida para o corpo técnico, que é difícil encontrar no mercado
e a existente é onerosa para os trabalhadores e Universidade. Aumento de
pessoal técnico e administrativo nos vários Departamentos.
Ao
longo destes anos já exerceu vários cargos e desempenhou funções em comissões
na academia minhota…
Sim.
Durante três anos fui senador da UMinho, o Senado na altura era um órgão de
governo e integrei a Comissão Disciplinar. Pertenci à lista eleita ao Conselho
Geral durante dois mandatos, fui representante dos trabalhadores não docentes
no Conselho de Gestão da ECUM (dois mandatos) e no Conselho de Escola da ECUM
(dois mandatos), integrei o Conselho do Departamento de Biologia (seis
mandatos), fui membro da Comissão Eleitoral para a eleição do Presidente da ECUM
(duas vezes), da Comissão Eleitoral para a eleição do Diretor do Departamento
de Biologia (cinco vezes) e Membro da Comissão para as Comemorações dos 50 anos
da ECUM.
Para
além da atividade laboral, também se mostrou sempre muito disponível para
aceder aos pedidos de organização de atividades extra, nomeadamente caminhadas.
Quantas já elaborou ao longo destes anos e onde?
Já
coordenei 11 Campos de Trabalho Internacionais em áreas protegidas, nomeadamente
no Parque Nacional da Peneda-Gerês, Paisagem Protegida de Quiaios e Paisagem
Protegida de S. Paio de Arcos e Bertiandos. Fui Coordenador Inter-Associações para
os Inquéritos a todo o Parque Nacional da Peneda-Gerês, envolvendo alunos, trabalhadores
não docentes e docentes da universidade do Minho e coordenador de uma atividade
ambiental de controlo de gaivotas nas ilhas Berlengas, sob a égide do Parque Natural
da Berlengas.
Em
1986 fundei a Associação Juvenil Aventura da Saúde, de cariz ambiental, onde
fui presidente da Direção e da Assembleia Geral. Para além disso, coordenei
diversas atividades ambientais nos Picos da Europa, nos Açores, (Ilhas de S.
Miguel, Terceira, Faial e Pico) Madeira, Porto Santo sob a égide do Direção
Regional de Ambiente dos Açores e Parque Natural da Madeira respetivamente;
envolvendo docentes dos departamentos de Biologia e Ciências da Terra e alunos
de várias licenciaturas da ECUM. Participei no projeto de Recuperação de Habitats
Terrestres na Reserva Protegida das Ilhas Selvagens, sob a égide do Parque Natural
da Madeira; orientei
centenas de percursos pedestres em Paisagens Protegidas, para os quais estou
credenciado pelo ICNF e Parque Nacional da Peneda-Geres, envolvendo centenas de
alunos e docentes e não docentes da ECUM. Realizai ainda mais de uma centena de
vídeos sobre percursos pedestres, paisagens protegidas e atividades no âmbito
da proteção do Ambiente.
Considera
importante a promoção destas atividades extratrabalho?
É
sempre uma oportunidade de convívio entre a comunidade da ECUM, num ambiente
descontraído, desfrutando de magníficas paisagens e aprendendo um pouco mais
sobre os valores naturais e culturais das regiões que visitamos. Aconselho
vivamente a participação.
Já
está perto da reforma. Do que vai sentir mais saudade?
Posso
dizer que tive uma passagem intensa pela UMinho e isso deixa marcas. Irei ter
saudades dos colegas e docentes com os quais passei bons momentos e outros mais
difíceis, como não podia deixar de ser, numa experiência laboral com tantos
anos. Como aluno tive excelentes professores, e colegas de curso, com os quais fiz
grandes amizades, para a vida.