quinta-feira, 17/04/2025
Departamento de Ciências da Terra, Campus de Gualtar, Braga
Projeto partiu da Escola de Ciências da UMinho
e do Laboratório Nacional de Energia e Geologia.
A
Escola de Ciências da Universidade do Minho (ECUM)
juntou-se ao Laboratório Nacional
de Energia e Geologia (LNEG) para lançar o novo Inventário Nacional de Património
Geológico. Os cerca de 400 geossítios listados – como formas de relevo, fósseis
e rochas – estão em acesso livre no GeoPortal do LNEG e
permitem compreender a evolução do nosso território, além de contribuírem para
as políticas de ordenamento e de conservação da natureza.
A
lista agrega os inventários feitos nas últimas décadas pelas duas entidades
promotoras e outros parceiros. “Isto é importante, entre outras razões, para
projetos que implicam estudos de impacte ambiental que avaliam potenciais danos
no património existente, o que sucede no caso da biodiversidade, mas tende a
ser desprezado no património geológico”, adianta o professor Paulo Pereira, do
Departamento de Ciências da Terra da ECUM. Aliás, “esta não
é apenas uma lista, a intenção é ajudar a se criarem medidas de conservação, de
proteção contra a erosão ou degradação por atividades humanas e de promoção
para uso turístico, científico e educativo”, continua o investigador, que coordena o GeoPortal com José Brilha (ECUM),
Susana Machado e João Matos (ambos do LNEG).
Os
geossítios estão organizados no portal em 26 categorias, segundo a
metodologia preconizada pela Associação Europeia para a Conservação do
Património Geológico e pela União Internacional das Ciências Geológicas. Aí surgem, por exemplo, o vale
glaciário do rio Homem (Gerês), o
granito da praia de Lavadores (Gaia), o inselberg de Monsanto
(Idanha-a-Nova), o
Pico de Ana Ferreira (Porto Santo), o Algar do Carvão (ilha Terceira) ou a discordância
da Ponta do Telheiro (Algarve), que mescla formações geológicas separadas por
120 milhões de anos.
Nesse inventário nacional pode pesquisar-se por nome, categoria, região (mapa interativo)
e ter dados individuais como georreferenciação, acesso, descrição, regime de
propriedade, vulnerabilidade e bibliografia. O inventário atual
vai continuar a ser atualizado mediante os locais propostos por peritos do
LNEG, de universidades, de municípios, de geoparques, de empresas de geologia e
dos próprios cidadãos, entre outros, através do email geoportal@lneg.pt .
Referência
mundial na geoconservação
O
primeiro inventário do país foi o portal Geossítios, pelo LNEG, mas não
abrangia os arquipélagos dos Açores e da Madeira e dependia da submissão de
propostas de geossítios. Entre 2007 e 2011, a ECUM coordenou o projeto
“Identificação, caracterização e conservação do património geológico: uma
estratégia de geoconservação para Portugal”, financiado pela Fundação para a
Ciência e a Tecnologia. Esse trabalho envolveu 70 cientistas de várias
instituições e permitiu identificar 325 locais com geodiversidade de relevância
científica nacional e internacional.
Os
inventários do LNEG e da UMinho focavam territórios e metodologias distintos, o
que gerava confusão para quem geria o território. Além disso, era preciso
implementar uma estratégia com vista à conservação efetiva dos geossítios, daí
ter-se avançado para a unificação das duas plataformas, resume Paulo Pereira,
que é também investigador do Instituto de Ciências da Terra.
A
Escola de Ciências da UMinho é uma referência mundial na área emergente da
geoconservação, pela relevância da sua investigação, pela coordenação de
projetos associativos e editoriais internacionais e pelo pioneirismo no ensino
pós-graduado nesta temática. Tem membros na direção científica de geoparques
nacionais, como Macedo de Cavaleiros, Arouca, Oeste e o aspirante de Viana do
Castelo. José Brilha esteve também ligado à criação do Dia Internacional da
Geodiversidade, aprovado pela UNESCO em 2022.