domingo, 02/03/2025
Centro de Biologia Molecular e Ambiental da Escola de Ciências da UMinho
UMinho e
UPorto fizeram o primeiro mapeamento local da wakame e propõem estratégias para
mitigar os seus efeitos nas espécies nativas. Esta segunda-feira assinala-se o
Dia Mundial da Vida Selvagem .
Uma equipa das
universidades do Minho e do Porto mapeou pela primeira vez a alga wakame – uma
das 100 espécies mais invasoras do mundo – ao longo da costa Norte de Portugal,
mostrando os seus impactos ecológicos e medidas para controlá-los.
Esta alga é
rica em fibras, proteínas, vitaminas e minerais, principalmente iodo e cálcio,
sendo usada para prevenir o envelhecimento precoce, as doenças cardiovasculares
e na perda de peso. É também comum em pratos de sushi e na alimentação do leste
asiático, donde é originária. Com o nome Undaria pinnatifida,
foi introduzida em França para cultivo comercial, mas escapou para a
natureza e também terá sido introduzida cá pelo lastro dos navios, sendo
registada pela primeira vez em Portugal há mais de 20 anos.
O novo estudo
saiu na revista científica “Plants”, por Marcos
Rubal, Jesús Fernández-Gutiérrez, Diego Carreira-Flores e Pedro Gomes, do
Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) da Escola de
Ciências da UMinho, e Puri Veiga, do Centro Interdisciplinar de Investigação
Marinha e Ambiental (CIIMAR) da UPorto, no âmbito do projeto MarinaForest,
financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e liderado por esta
cientista.
A equipa de
investigação concluiu que a distribuição geográfica da alga wakame depende
significativamente da salinidade, sendo comum em marinas de água salgada, como
as de Póvoa de Varzim e Leça da Palmeira, mas ausente nas marinas de estuários,
onde a salinidade é menor. Nos habitats naturais, aquela alga surgiu
temporariamente em três zonas rochosas de Carreço e Canto Marinho, mas
desapareceu após as “tempestades” de inverno.
“Esta espécie
tem tolerância limitada a condições como a exposição à ondulação, o que
restringe a sua disseminação para áreas mais expostas, mas pode continuar a
representar uma ameaça em ambientes mais protegidos”, diz Marcos Rubal.
O trabalho
mostrou, aliás, que a Undaria pinnatifida conseguiu substituir a
alga nativa S. latissima nas marinas e aí crescer sobre mexilhões
fixos em estruturas artificiais, enquanto em habitats naturais cresceu sobre a
espécie nativa G. baccata. Para mitigar estes impactos, os cientistas
realizaram experiências de remoção da alga invasora na marina de Viana do
Castelo. Os resultados foram promissores, com a recolonização parcial da alga S.
latissima, indiciando que reduzir a presença da wakame contribui para a
recuperação das espécies nativas. Este estudo fornece assim dados
essenciais para estratégias eficazes de gestão e conservação dos ecossistemas
marinhos.