O Centro de
Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) da Escola de Ciências da UMinho (ECUM), promoveu, no passado dia 5, o Open Day, um encontro
onde se discutiu o papel da ciência na cidadania. “O objetivo é aproximar estudantes,
investigadores e a sociedade” refere Cláudia Pascoal, diretora do CBMA.
A iniciativa
decorreu ao longo do dia, com apresentações orais e Pop-Up Talks, uma mesa
redonda sobre “Science and the Literate Citizen: Empowering Civic
Participation” e o Concurso Elevator Pitch, onde oito doutorandos foram
desafiados a apresentar os projetos de forma clara e acessível em apenas 90
segundos. Os concorrentes explicaram com analogias, humor e o natural
nervosismo à mistura, os temas que pretendem explorar.
Fábio
Pereira foi o vencedor do concurso, numa votação que combinou a opinião do
público e a avaliação do júri. O jovem de 26 anos está empenhado em selecionar
vinhos açorianos, para desenvolver novos produtos, provenientes de três castas:
Arinto,
Terrantez e Verdelho. “Trabalhamos para melhorar a competitividade do vinho
europeu, elegendo novas estirpes e preservando a identidade regional para
responder à exigência do sector relativa à perda de personalidade dos vinhos
produzidos”, revela.
Alunos
querem combater pragas da videira, do sobreiro e do milho
Aos 25 anos, Gonçalo Marques, de Guimarães, quer explorar e mapear o terroir microbiológico de regiões vitivinícolas da Europa, identificando microrganismos com capacidade de biocontrolo, para desenvolver formulações antifúngicas naturais. “É possível substituir o uso de fungicidas químicos que impactam os ecossistemas, por formulações naturais, baseadas em microrganismos existentes nas vinhas”, explicou.
Já Pedro Ferreira veio de Folgosinho (Gouveia) até à ECUM para desenvolver uma solução sustentável baseada em RNA (ácido ribonucleico, uma molécula que atua na síntese de proteínas a partir das informações do DNA) para o tratamento de doenças fúngicas no sobreiro. “O principal desafio das terapias baseadas em RNA para plantas, continua a ser um método efetivo para a sua distribuição”, referiu o jovem.
A Ana
Carolina Duarte está a “analisar a biodiversidade do solo, testar a resistência
do milho a nemátodes (alguns dos quais podem ser pragas agrícolas), avaliar o
controlo biológico de microrganismos e estudar o impacto da aplicação de
chorume (resultante da decomposição da matéria orgânica) no solo”, visando promover
“práticas agrícolas sustentáveis, reduzir custos e os impactos ambientais”,
revelou a jovem de 25 anos.
Alzheimer
e Saúde Feminina no foco de duas jovens
Já a Joana
Ribeiro propõe-se a criar nanopartículas biocompatíveis que incorporem RNA para
atravessar a barreira hematoencefálica e aplicáveis via spray ou gel nasal para
combater a doença de Alzheimer.
Bruna
Silva pretende “desenvolver abordagens reprodutíveis para melhorar a entrega de
fármacos, contribuindo para uma melhor avaliação da eficácia e segurança dos
nanovetores que transportam substâncias no nosso organismo de forma controlada."
Preservar
a biodiversidade e as espécies de água doce entre os objetivos apresentados
O José
Carlos Lourenço quer compreender de que forma é que as pressões humanas podem
afetar a biodiversidade e o funcionamento dos ecossistemas de água doce. “É
preciso sensibilizar as pessoas para a perda de biodiversidade e promover
práticas mais sustentáveis”, afirma o jovem, que acha que este tipo de iniciativas
deveria ser repetida durante o doutoramento.
Edmundo
Ndipolifa é angolano e está a criar bibliotecas de referência e otimizar
protocolos de deteção de espécies de vertebrados, especialmente peixes do rio
Cunene que atravessa Angola e Namíbia, usando o DNA para “monitorizar a saúde do rio, detectar poluentes, identificar novas
espécies e apoiar medidas de conservação da biodiversidade”, disse.