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Cláudia Carvalho-Santos – Professora Auxiliar no Departamento de Biologia Voltar

sexta-feira, 31/10/2025    Centro de Biologia Molecular e Ambiental
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É geógrafa, com especialização em Ecologia. Cláudia Carvalho-Santos nasceu em Vila do Conde, já passou por várias universidades, mas foi no Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) da Escola de Ciências da Universidade do Minho (ECUM) que encontrou um lugar para investigar o que mais gosta. Membro deste centro desde 2018, a jovem licenciada em Geografia, com mestrado em Ecologia e doutoramento em Biodiversidade, tem dedicado parte da sua vida à investigação, mas confessa-se apaixonada por fazer caminhadas, viajar e ir à praia e ao cinema com as filhas. Na newsletter deste mês, fomos conhecer Cláudia Carvalho-Santos.
NOME: Cláudia Maria Carvalho dos Santos
IDADE: 42
NACIONALIDADE/NATURALIDADE: Portuguesa/ Vila do Conde
ÁREA DE INVESTIGAÇÃO: Ecologia
CENTRO DE INVESTIGAÇÃO: Centro de Biologia Molecular e Ambiental, desde 2018
CATEGORIA ATUAL: Professora Auxiliar
FORMAÇÃO ACADÉMICA: Licenciatura em Geografia, mestrado em Ecologia e Doutoramento em Biodiversidade
HOBBIES: Viajar, fazer caminhadas na Natureza, ir à praia e ao cinema com as minhas filhas

Conte-nos um pouco sobre o seu percurso académico e profissional.

Sou geógrafa, com especialização em Ecologia. A minha formação foi realizada na Universidade do Porto (UPorto) e, durante o mestrado e o doutoramento, estive três anos na Universidade de Wageningen, nos Países Baixos. Desenvolvi trabalho de investigação nas Universidades de Aveiro e do Porto, ao abrigo de uma bolsa de pós-doutoramento, até que, em 2018, integrei o Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) da Escola de Ciências da Universidade do Minho, e exerço atualmente funções como professora auxiliar no Departamento de Biologia. Neste momento, estou a frequentar um mestrado executivo em Gestão da Sustentabilidade na Porto Business School, com o intuito de compreender melhor como as empresas podem adotar estratégias mais justas e ambientalmente responsáveis.


Já participei em mais de dez projetos de investigação enquanto membro de equipa, coordenei o projeto Trees4Water e, este mês, iniciei a coordenação da parceria portuguesa no projeto internacional ARE BEST NbS (Biodiversa+). Tenho também orientado diversos estudantes de doutoramento e mestrado.

Gosto particularmente de lecionar em cursos de licenciatura e mestrado, organizo várias atividades de divulgação científica e, ocasionalmente, sou convidada a intervir em meios de comunicação social.

Em que consiste a sua investigação? De que forma contribui para a ciência nacional e internacional e como impacta a sociedade?

Trabalho na avaliação dos serviços dos ecossistemas, com especial enfoque nos que estão relacionados com a água, em cenários de alterações globais. O meu foco atual é o estudo dos impactos biofísicos e socioeconómicos da implementação de soluções baseadas na Natureza, nomeadamente a criação de faixas ripárias florestadas em zonas agrícolas, com vista à melhoria da qualidade da água.

Paralelamente, avalio outros co-benefícios, como o sequestro de carbono e a melhoria da qualidade do habitat e da biodiversidade. Tenho orientado o meu trabalho para a vertente económica e para a interação com o setor empresarial, com o objetivo de potenciar o impacto das iniciativas que analiso.

Por exemplo, um dos resultados finais do projeto Trees4Water sugere que a empresa Águas do Norte (nosso parceiro), através da sua ETA (Estação de Tratamento de Água) de Areias de Vilar, poderá não estar motivada a financiar a implementação de faixas ripárias florestadas, uma vez que os custos atuais do tratamento de água são inferiores aos benefícios proporcionados pelas florestas na redução de sedimentos e nutrientes. No entanto, esta intervenção poderá revelar-se lucrativa se forem considerados múltiplos benefícios, como o sequestro de carbono, para o qual está já a ser desenvolvido um mercado voluntário em Portugal, por exemplo.

O que podemos destacar da sua investigação?

Iniciei a minha investigação com a avaliação dos impactos das alterações climáticas nos recursos hídricos, recorrendo a vários casos de estudo em bacias hidrográficas portuguesas. Verifiquei que os efeitos mais significativos se farão sentir na intensificação das estações do ano, em termos da disponibilidade de água — menos água no verão e mais água no outono/inverno —, sendo que estes impactos podem ser atenuados com a presença de floresta nativa.

Mais recentemente, a minha investigação em gestão de ecossistemas destacou as florestas ripárias como uma solução relevante para a redução de sedimentos e nutrientes provenientes de áreas agrícolas, antes de atingirem os cursos de água. No entanto, estas iniciativas só serão custo-eficazes se forem considerados outros benefícios, como o valor associado à melhoria da biodiversidade.

Com o objetivo de compreender esse valor, o projeto internacional ARE BEST NbS — Ecossistemas Aquáticos e Ripários: Transformações da Biodiversidade e dos Serviços dos Ecossistemas a partir de Soluções Baseadas na Natureza (NbS) — irá desenvolver inquéritos, trabalho de campo e análises de custo-benefício, com vista a complementar as recomendações para investimentos em soluções baseadas na Natureza.


Porque decidiu investigar nesta área? O que ou quem a inspirou?

Desde pequena que tenho uma grande curiosidade pela Natureza e pelos fenómenos do nosso planeta — desde as tempestades, à fenologia das árvores, passando pelas montanhas e rios — e sempre me fascinou perceber como se desenvolvem e como se explicam. Sempre nutri um interesse especial pelo estudo da água e pelos desafios que lhe estão associados, em particular os impactos das alterações climáticas sobre este recurso vital.


O caminho da investigação surgiu de forma natural, primeiro com a oportunidade de realizar o doutoramento, depois através do envolvimento em projetos de investigação. Com o tempo, fui ganhando autonomia até conseguir desenvolver os meus próprios projetos e estabelecer uma pequena linha de investigação no CBMA, focada na Análise de Sistemas Socioecológicos.

Quais têm sido os principais desafios?

Encontrar estabilidade profissional tem sido um dos maiores desafios, mas recentemente iniciei uma posição de professora auxiliar estável ao abrigo do Programa FCT-Tenure na Escola de Ciências, e estou muito feliz. Outro grande desafio tem sido conciliar a vida familiar, depois do nascimento das minhas filhas, com a carreira académica, pois o tempo disponível é mais reduzido e as prioridades mudaram.

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