sexta-feira, 28/03/2025
Departamento de Química da Escola de Ciências da UMinho
Tema foi apresentado por
Fernanda Proença, do Departamento de Química.
“Sinergias
na descoberta de novos fármacos: uma perspetiva pessoal”, foi o tema
apresentado no dia 28, na vigésima nona edição do “Ciência ao almoço”. Fernanda
Proença, professora emérita do Departamento de Química da Escola de Ciências da
UMinho (ECUM)
foi a convidada para esta iniciativa que decorre mensalmente, à hora do almoço,
e que pretende promover a partilha do conhecimento e a cooperação entre a
comunidade da escola.
A
investigadora explicou as fases de desenvolvimento de um novo fármaco, um
processo complexo, multidisciplinar e demorado. Quando surge no mercado é
normalmente apresentado por um médico, mas não é apenas ele o responsável pela
sua descoberta e desenvolvimento. A química computacional e de síntese orgânica
estão na base da conceção e produção de novas moléculas. A biologia e a
farmacologia servem para compreender os mecanismos das doenças e os alvos
terapêuticos e a medicina procura assegurar que estes fármacos são importantes
para a saúde dos doentes.
Um
processo que pode demorar entre 12 a 15 anos e que envolve várias fases,
iniciando com a investigação básica que permite entender os mecanismos que
conduzem à doença e indicar possíveis alvos. Segue-se a procura de moléculas ou
de outras estratégias terapêuticas que possam interferir ou curar a doença ou aliviar
os sintomas e passa-se para a fase pré-clínica, onde se identifica o modo de
ação do potencial fármaco, avalia-se a sua potencial toxicidade, valida-se a atividade
em modelos in vitro e in vivo e estrutura-se a formulação.
Antes de poder ser lançado no mercado, decorre a fase clínica, com a
investigação do efeito do potencial fármaco em humanos, analisam-se os dados
clínicos e, na ausência de problemas, segue-se o processo de aprovação do
fármaco.
A
evolução da química computacional e a Inteligência Artificial têm facilitado
este processo. A química computacional tornou-se numa “ferramenta importante
para selecionar moléculas potencialmente ativas no alvo escolhido, a partir do screening virtual de bibliotecas de
compostos, comerciais ou desenvolvidos nos grupos de investigação”, referiu a
química, que destacou ainda o papel da Inteligência Artificial, atualmente na
base da criação de novas empresas farmacêuticas. “Estas empresas afirmam que a
Inteligência Artificial vai acelerar a descoberta de novos fármacos. Na
realidade, os resultados destes estudos in
silico não vão dispensar a tarefa, muitas vezes árdua, da síntese das
moléculas e a validação das previsões com os estudos in vitro e in vivo”, acrescentou.
O
“Ciência ao almoço” realiza-se no auditório da ECUM, edifício 6, no campus de
Gualtar. Todos os meses é convidado um Professor ou Investigador da escola que
aborda um tema da sua especialidade, num ambiente descontraído. Há ainda um
momento de convívio e almoço trazido pelos participantes, que se juntam nos
espaços contíguos ao auditório.